O mês das crianças chegou ao fim! Ou será, o mês do consumo?

Antes, ouvíamos falar do “Dia da Criança”, principalmente quando o dia 12 de outubro se aproximava. Hoje, fala-se em: “O mês das Crianças”. Pois é, durante um mês consumimos bem mais do que em um único dia!
Sabemos que no mês de outubro o bombardeio midiático atinge as crianças de todo o território nacional e de todas as classes socioeconômicas. Os apelos de compras são variados e infindáveis. São bonecas, carrinhos, roupas, jogos, telefones celulares, sandalinhas, computadores, relógios, etc. O mais interessante é que as propagandas chegam até as crianças de uma maneira que elas se sentem envoltas num sonho, num conto de fadas ou até mesmo no mundo da fantasia.
Em nossa sociedade, muitos pais, tios, avós, responsáveis e educadores estão dispostos a mudar essa realidade. Esses adultos estão dispostos a dizer “não”. As crianças estão em plena formação e não conseguem entender a complexidade do mercado de consumo. Além disso, a maioria das famílias não possuem condições para oferecer todos os produtos ou serviços que são anunciados insistentemente nos meios de comunicação.
Vivemos em uma sociedade imersa em imagens e sons que entram em nossas casas sem nos pedir permissão. Infelizmente, a palavra foi substituída pela imagem. A atenção dos pais, pelo presente. O abraço, pelo objeto. O ter prevalece sobre o ser. A criança, não é uma criança, hoje, ela é um consumidor.
As crianças precisam de olhares, de palavras, abraços e principalmente, precisam ser ouvidas. Para ser criança é preciso ter infância.
No Brasil, 12 de outubro convencionou-se como o Dia das Crianças. O que a sua família fez nesse dia? Comemorou o dia da criança ou o dia do consumo? E durante o mês de outubro, quantas vezes foram ao shopping?
O 12 de outubro foi proposto pelo deputado federal Galdino do Valle Filho em 1920 e oficializado como Dia das Crianças pelo presidente Arthur Bernardes em 1924. Porém, o dia passou a ser comemorado só em 1960, depois que a fábrica de brinquedos Estrela e a Johnson & Johnson criaram a Semana do Bebê Robusto. E viva o consumismo!
Se fôssemos comemorar realmente a criança, poderíamos escolher o dia 20 de novembro, data da aprovação da Declaração dos Direitos das Crianças, não é mesmo?
No dia das crianças, não devíamos esquecer que muitas certamente não consumirão nenhum dos produtos que mencionamos acima, pois estão imersas em outro mundo, que não é o da fantasia. Essas crianças vivenciam problemas como a fome, a falta de habitação, a desestruturação familiar, a falta de acesso a educação infantil, entre outros problemas, que ainda fazem parte da sociedade brasileira.
O Governo e a sociedade precisam olhar para as nossas crianças. Para as despossuídas do mínimo de dignidade e para as que estão imersas nessa sociedade de consumo. As crianças precisam de uma sociedade mais justa, onde elas possam se tornar adultos e consumidores mais conscientes e cidadãos responsáveis.
Vamos torcer para que no próximo ano as famílias abandonem o consumismo desenfreado e encontrem uma forma mais sincera de homenagear as suas crianças e que nossa crianças carentes tenham algo para comemorar no mês de outubro!
