Infância Plastificada

De 2018 até 2030 vamos ter gerado 1,38 milhões de toneladas de brinquedos plásticos só no Brasil. Para se ter uma referência melhor é como ter 170 mil caminhões de lixo enfileirados de São Paulo até Salvador. Quando se fala de embalagens, são mais de 500 mil toneladas de embalagens descartadas desses brinquedos.
O setor de brinquedos liderou em 2019 a publicidade infantil na TV e estima-se que 90% dos brinquedos do mundo são feitos a partir de materiais plásticos e muitos destes produtos contêm substâncias tóxicas para crianças.
Lembrando que hoje não é comum ver nenhuma responsabilidade de logística reversa das empresas de brinquedos, o consumidor não devolve à marca, não há economia circular.
Há de se levar em conta que tantos brinquedos e embalagens cheias de plástico e a forma como lidamos com elas pode ser tornar uma visão de mundo. A criança vive todo aquele excesso, depois não sabe para onde aquilo tudo está indo e quando vê já está inserida na cultura do descarte. Descarte para onde?
Para a reciclagem certamente não é. Apenas 1,5% do plástico do Brasil é reciclado, segundo a WWF Brasil e 9% do plástico no mundo, segundo a ONU. Mesmo com todo o cuidado da separação do lixo, cerca de 50% do lixo que chega nas cooperativas acaba indo para os aterros.
Mesmo enterrado nos aterros ou lixões, levando em conta que o plástico leva de 200 a 400 anos para se decompor, ele continua na biosfera.
Quando o assunto é brinquedo plástico, os caminhos passam pela efetiva proibição da publicidade infantil, o estímulo à economia circular da cadeia de brinquedos, o brincar livre na natureza e o estímulo à cultura de troca de brinquedos, além do design de novos brinquedos verdes e sustentáveis.
Até o próximo!
FONTE: https://criancaeconsumo.org.br/