Redes sociais e desejo de consumo

A tecnologia trouxe muitos benefícios para as pessoas. Mas também trouxe mazelas. As redes sociais, por exemplo, estimularam o desejo pelo consumo e o medo de se sentir fora de um movimento ou de um grupo.
Dan Ariely, autor de Psicologia do Dinheiro, afirma que o medo de ficar fora do que é moda faz as pessoas tirarem o foco delas mesmas e dos seus investimentos.
Para o professor americano de psicologia e economia comportamental da Universidade Duke, Dan Ariely, estas são as duas emoções que mais atrapalham na saúde financeira de alguém.
Nas mídias sociais todo mundo mostra o seu melhor lado e as melhores coisas da vida: boas férias, uma nova bicicleta, um carro lindo. E é isso que faz o outro desejar ter as mesmas coisas ou se esforçar, também materialmente, para não ficar fora do que é moda ou bacana naquele momento.
Segundo Ariely, assim como uma dieta, poupar é uma questão de hábito, disciplina. Para ele, os novos aplicativos ou carteiras eletrônicas podem ajudar muito nesta tarefa. “É preciso criar um sistema em que é fácil de colocar o dinheiro, mas difícil de tirar. Porque se for fácil de tirar eles vão tirar”.
A atitude de poupar em si independe da pessoa ser pobre ou rica. A partir do momento que se tem tal disciplina, a pessoa poupa, o que varia, obviamente, é a quantidade que se junta, de acordo com o seu poder aquisitivo.
Segundo Dan Ariely, muito mais que amor ou ódio, é o desejo a primeira emoção que mais cega as pessoas nas decisões financeiras. É algo generalizado. Nós sentimos que queremos as coisas.
O segundo, para o autor é FOMO (sigla em inglês para fear of missing out), que é medo de sentir de fora. Jovens, hoje em dia, vivem com medo de se sentir de fora. Quando você vai para as mídias sociais, poucas pessoas escrevem sobre momentos tristes.
A maioria é “olha eu aqui de férias, minha nova bicicleta, meus óculos escuros bonitos”. Nós temos tendência a pensar muito no que os outros estão fazendo. No final das contas, FOMO é o desejo que aquilo que as pessoas estão fazendo desperta em você.
O medo de se sentir de fora está conectado à relatividade em se comparar com os outros. O problema é que você só olha para o que a outra pessoa gasta. Você não sabe o quanto a pessoa gasta com seguro ou coloca na poupança.
O que você sabe é que carro eles dirigem, as roupas que vestem, onde passam férias. Se você parar pra pensar, gastar dinheiro é muito visível. Guardar dinheiro, nem tanto.
A comparação social, o medo de se sentir de fora e o desejo são os maiores desafios emocionais da vida financeira.
Até o próximo!
Fonte: ARIELY, Dan; KREISLER, Jeff. A psicologia do dinheiro: Descubra como as emoções influenciam nossas escolas financeiras e aprenda a tomar decisões mais inteligentes. Sextante, 2019.